Sem medo de correr riscos, aposta é em um modelo de negócio personalizado
Apenas três anos. Esse tempo, que parece muito curto, não traduz a experiência acumulada pelos sócios e, muito menos, o esforço ao tratar um mercado tradicional, pequeno e muito competitivo de maneira disruptiva. A palavra que parece justificar o surpreendente crescimento da Tailor, consultoria de Executive Search sediada em Belo Horizonte, é legitimidade.
Em novembro, a Tailor foi a única escolhida no Estado para concorrer ao requisitado prêmio nacional de melhores fornecedores para o setor de Recursos Humanos, promovido pelo Grupo Gestão RH (GGRH). A empresa mineira figurou ao lado de grandes e consolidadas marcas nacionais na categoria “Fornecedores de Headhunting”. Não bastasse, a Tailor foi a vencedora da 16ª edição da pesquisa da Gestão RH, na categoria Empresa Revelação.
Com mais de 30 anos de mercado, o Grupo Gestão RH (GGRH) é uma das maiores autoridades nacionais na gestão do capital humano e sua influência nos resultados das organizações e nas melhores práticas de desenvolvimento e bem-estar dos colaboradores.
Desde 2016, por meio de uma metodologia chancelada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a premiação identifica e destaca as melhores empresas, gestores e fornecedores em Recursos Humanos do País.
Antes disso, em 2021, a Tailor foi listada pela tradicional editora francesa Leaders League entre as 15 principais consultorias de headhunting no Brasil.
Mas a história da empresa, segundo o fundador e sócio da Tailor, Bruno da Matta Machado, começa em 2019, quando ninguém imaginava que uma pandemia de proporções avassaladoras no campo da saúde e da economia faria com que os planos fossem radicalmente modificados em um curtíssimo espaço de tempo.
“Começamos muito ligados à mineração pela própria natureza das atividades econômicas do nosso Estado. Em 2019 tínhamos um volume de atendimento suficiente para sustentar e fazer a Tailor crescer. Com a pandemia, percebemos que precisávamos diversificar a nossa carteira de clientes em relação ao número de setores atendidos. É certo que a mineração não parou e continuou contratando, mas os tempos eram outros e acendemos o nosso sinal de alerta”, relembra Matta Machado.
Um exemplo são os clubes de futebol. A Tailor já atendeu grandes equipes do futebol brasileiro, como Atlético, Cruzeiro e Santos. A parceria com o América Mineiro já rendeu alguns frutos, o mais recente foi o processo de contratação do novo diretor de Marketing e Negócios. O escolhido foi Marcone Barbosa, com passagens por Fluminense e Cruzeiro.
Sem medo de correr riscos, o empresário fez uma aposta em um modelo de negócio que diz ser personalizado o suficiente para atender cada cliente com profundidade para criar relações profundas e duradouras e sem frescuras ou luxos desnecessários e que, por isso, não ganha o nome de “consultoria butique”.
“Não quero uma empresa grande, mas uma que faça coisas grandiosas. O termo butique não é usado porque tem um luxo embutido, mas nós temos um aprofundamento no atendimento não dá pra ser em escala industrial. O nosso crescimento é inevitável porque a cada dia chega uma indicação. Não temos um departamento comercial para prospectar clientes. Temos uma equipe legal que quer e merece crescer. Tivemos quase 300% de crescimento nesses três anos, abrindo uma operação em São Paulo, que é um mercado extremamente competitivo. Em faturamento crescemos 28% no último ano”, comemora.
Ainda assim, a construção da empresa encara percalços e, por mais inusitado que pareça, a contratação é um dos gargalos. E para transpor as pedras do caminho, a ordem é inverter o ditado popular que diz “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”, e aplicar dentro de casa o receituário prescrito aos clientes.
Para ele, é mais difícil fazer contratações para a própria Tailor do que para os clientes e o fator decisivo é a similaridade de valores e objetivos, se sobrepondo à formação acadêmica formal. O processo, exaustivo, costuma ter, pelo menos, cinco etapas.
“Tem que buscar o que é legítimo dentro da sua empresa. É um erro querer criar uma imagem externa antes de se formar internamente. Foi fundamental pra gente saber qual era a nossa alma. Logo quando começamos, ouvi de cada um seus valores, o que gostavam na empresa, o que poderiam fazer diferente. Dias atrás, muita gente me questionou ao fazer um collab com a Oficina Reserva, que abriu uma unidade em Belo Horizonte. Descobrimos que temos almas similares. As empresas ainda fazem o negócio muito sozinhas. Fomos indicados a melhor headhunter (no prêmio concedido pelo GGRH), ficamos em segundo. Ganhamos o destaque. Isso é ainda melhor porque somos percebidos como diferentes. Não pode ter medo, tem que ser autêntico e isso implica em riscos. Eu gosto de inovar em mercados que já existem. O oceano azul não é meu forte, gosto do oceano agitado”, pontua o fundador da Tailor.