A 30ª vez a gente nunca esquece!
Na última sexta-feira fizemos nossa reunião de fechamento semestral. Um rito fundamental da empresa, quando geramos reflexões, apuramos resultados e olhamos para a segunda metade do ano, que já começou.
Esta foi a trigésima reunião deste tipo que conduzo com minhas equipes, religiosamente, em todo final de trimestre – sem falhar um. E cada uma delas foi única. O momento era diferente, a equipe também, e hoje somente uma pessoa no time esteve presente em todas as 30 edições (obrigado pela paciência, Ana).
Em todas as outras 29 vezes em que me preparei para esta reunião, a temática que seria o fio condutor, os insights que eu gostaria de transmitir, o tom, a emoção e o conteúdo surgiram na minha mente de forma muito natural e simples: meu trabalho foi só organizar a apresentação e externar tudo, quando o dia chegasse.
Mas a trigésima não foi assim. Desta vez, eu travei. Passei dias tentando encontrar algo que fizesse sentido compartilhar. Noites mal dormidas preocupado em não conseguir conduzir uma boa reunião, não conseguir inspirar ou prender a atenção de uma equipe que merecia meu melhor, após um semestre de resultados incríveis. Questionei minha capacidade de continuar sendo o host desse evento da empresa.
Questionei se eu havia estagnado intelectualmente, se não estava oxigenando meus conhecimentos, meus conteúdos e ideias – se já havia gastado tudo que eu tinha para compartilhar ou se, simplesmente, após 29 vezes, já estava cansado de fazer isso (algo que sempre gostei tanto).
No meio de toda essa angústia, o fio condutor surgiu por meio de um TED da Brene Brown, “The Power of Vulnerability”, que assisti na véspera da reunião. Nele, ela fala sobre podermos ser vulneráveis, sobre podermos expor nossas fraquezas e – principalmente – da importância de fazermos isso.
Então, foi assim que a reunião começou, compartilhando com a equipe essa minha vulnerabilidade, essa frustração em talvez não conseguir entregar essa reunião no nível que eu gostaria, que eles mereciam e esperavam.
Talvez não tenha sido a melhor das 30 reuniões. É bem provável que não! Mas certamente foi muito melhor que eu poderia imaginar. Acredito que ter iniciado me expondo e abrindo um pouco minhas angústias para a equipe me destravou e me deixou mais à vontade, mais leve e as ideias e palavras foram surgindo e fluindo bem, ao longo das 4 horas que se passaram.
Mas resolvi compartilhar essa história não para falar de mim, ou dos resultados da Tailor, mas para te lembrar que falhar, ser vulnerável e compartilhar sua vulnerabilidade, faz parte da vida e é muito mais rico que tentarmos criar um personagem que não existe ali.
Como disse o post da Tailor no início desta semana (18/07): “Bons líderes são aqueles que, por meio de picos, nos trazem certezas.” Após tantos anos e tantas reuniões, tantos picos e tantos vales, espero que eu esteja sendo um bom líder.