Em grande parte dos meus 20 anos de experiência, notei que os profissionais, as organizações e as áreas de negócios estavam sempre atentas ao que havia de mais moderno na gestão dos seus businesses, seja por meio de novas metodologias, de novos processos, de novas tecnologias ou até mesmo dos novos jargões corporativos. Não conhecer esses movimentos era sinal de que você estava ultrapassado.
Entretanto, também percebia que o mundo em que vivíamos estava em constante transformação. Segundo o framework de Cynefin, este plano deixou de ser claro, onde benchmarkings resolviam os gaps, e se tornou complicado onde apenas os profissionais com conhecimentos especializados davam conta da situação.
Atualmente vivemos em mundo que flutua entre o COMPLEXO e o CAÓTICO, onde as boas práticas não funcionam mais, pois são “ferramentas” do passado sendo utilizadas para solucionar problemas do futuro. Estes novos tempos exigem práticas emergentes e inéditas, que são criadas a partir da observação, da investigação, de testes de cenários e hipóteses em escalas menores para posterior expansão (escalar), ou seja, o jogo mudou há algum tempo. Mas poucos conseguiram ler os sinais.
No livro que lancei em novembro passado, “O acaso não existe”, que trata da importância de autogerirmos nossas carreiras num mundo dinâmico e digital, explicito que as empresas e os profissionais esperam muito para fazer movimentos em direção ao futuro, na verdade eles esperam o FUTURO ARROMBAR A PORTA DELES, e aí já é tarde (conhecido efeito tsunami).
Foi a partir desse contexto que há anos estudo sobre futuro e inovação, e recentemente tive a grata oportunidade de fazer um maravilhoso curso de COOL HUNTING, com a renomada e amiga Sabina Deweik.
COOL HUNTING é um conjunto de métodos e práticas, que levanta e avalia tendências, ou seja, fenômenos sociais e culturais com potencial de influenciar o comportamento das pessoas, dos consumidores. São processos onde podemos “caçar” tendências, antecipando cenários futuros e tomando melhores decisões no presente.
A pandemia e as variáveis nela contidas aguçaram-me ainda em relação à necessidade de ANTECIPAR e ENTENDER o futuro, para ENCANTAR as pessoas (meus clientes) e ENTREGAR soluções no presente.
Em virtude disso, o curso de Cool Hunting caiu como uma “luva” para mim, pois me deu um banho de lucidez e de técnicas sobre o poder da observação do contexto presente, colhendo provas e indícios de mudanças latentes, que muitas vezes passavam antes despercebidas em frente aos meus olhos, e assim me apoiará na identificação de padrões repetitivos de comportamentos. E essa nova forma de enxergar o mundo muda o como estaremos criando soluções para problemas reais.
E como tudo isso está relacionado com o dia a dia dos profissionais de Gestão de Pessoas e com as estratégias de RH?
Isso nada mais é do que o futuro do RH, sem isso as estratégias estarão fadadas ao insucesso. Os profissionais de RH e as instituições de RH têm que caminhar para sair do STORYTELLING para o STORYDOING — partindo para histórias que serão contadas por meio de ações e não mais de palavras, trazidas pelo benchmarking.
Este movimento transforma a formação (zonas de conhecimentos) e o jeito dos profissionais e da área de RH atuarem. Isso nos faz mais atentos, mais observadores, mais analíticos, mais criativos, mais arquitetos de soluções criadas por nós mesmos, e nos deixa menos implementadores de processos “adaptados” oriundos de boas práticas. Isso nos força ampliar a nossa plataforma de conhecimento, deixando de sermos especialistas e nos tornando generalistas.
Esse movimento que acredito que vai ou já está acontecendo, movimentará os profissionais de RH e o próprio RH, tirando-os da posição de maioria tardia ou até retardatários, para as posições de inovadores ou primeiros adeptos. Isso reposiciona o RH na mesa do board, e faz com que as suas informações e análises apoiem a tomada de decisão dos negócios, pois elas antecipam o futuro e, por isso, impactam serviços, produtos, marcas e comunicação.
“O futuro já pode estar PRESENTIFICADO.” — Sabina Deweik
E esse caminho sem volta traz uma série de ingrediente estratégicos e importantes que sustentam os pilares das organizações humanizadas. Ele traz um maior entendimento e conexão de propósitos, ele orienta o melhor diálogo com stakeholders (parte interessadas), ele direciona a consciência dos líderes e sustenta a consolidação de culturas fortes.
Termino o meu artigo com algumas costumeiras reflexões:
- Qual o futuro da sua empresa, da sua área e da sua profissão?
- O que na sua carreira não está à prova do futuro?
- Onde você quer navegar no gráfico da difusão da inovação?
- Como você poderia observar a partir de hoje o seu presente, para ler melhor o seu futuro que emerge?
Abraço e espero que tenha gostado da leitura.