Nas últimas semanas tenho participado de uma série de eventos on-line, alguns como palestrante, outros como mediador e muitos como ouvinte, e a tônica comum de todos abraça o tema mudança.
Esses debates tratam tanto da ótica da necessidade das organizações terem que rever os seus modelos de negócios e estratégias frente às mudanças de hábitos e comportamentos dos seus clientes, consumidores, como das empresas/departamentos frente às novas demandas dos seus colaboradores (talentos) e, a meu ver, a mais importante mudança exigida está na perspectiva e no modo como fazemos a gestão/autogestão das nossas carreiras, nesta nova dinâmica de mercado — e não estou falando apenas por causa da pandemia.
Um “conceito” que sempre trago na minha vida, pois é essencial e faz total sentido com o que escrevi anteriormente, é o que dá título a este artigo – Não dá para mudar sem mudar.
Todos esses debates citados trazem diferentes cenários… OK, e estamos alinhados. Porém devemos MUDAR para MUDAR: mudar o discurso, o mindset, a forma de tratar as pessoas, nossos processos, nossos conhecimentos, nossas rotinas, etc. E como neste momento estou estudando e lendo sobre movimentos estratégicos e modelos de negócios de grandes conglomerados chineses, convido você a fazer uma reflexão entre tudo isso, envolvendo empresas, colaboradores e nossas carreiras.
Nesta nova (des)ordem organizacional, como já escreveu em seu novo livro meu colega Marco Ornellas, acredito que precisamos nos reposicionar, e assim ter clareza de como criamos e geramos VALOR para nossas empresas, nossos clientes e para a sociedade, seja como organizações ou profissionais.
No livro ALIBABA — Estratégia de Sucesso, de Ming Zeng, que foi ex-Diretor de Pessoal e assessor estratégico de Jack MA, fundador do gigantesco Grupo chinês Alibaba, ele traz em uma passagem a seguinte visão:
Uma ideia central do ecossistema é que, ao contrário da noção tradicional de posicionamento na qual a empresa determina a estratégia de forma quase independente, cada participante do ecossistema recorre a outros participantes para ter sucesso. Eles são interdependentes.
Esse ponto de vista real deixa claro que não mais as empresas, colaboradores e nós como autogestores da nossa carreira, podemos acreditar que movimentos aconteçam da forma antiga e independente. Nesta nova dinâmica global e local, tudo está interligado, ou pelo menos deveria estar, seja pela nova mentalidade colaborativa ou pela inteligência que as novas tecnologias nos possibilitam usufruir.
Diante desse cenário coloco algumas perguntas a você (pense na sua empresa e em sua carreira):
- Que papel você e sua empresa querem desempenhar (ou já desempenha) no ecossistema ou rede de que fazem parte?
- Qual a importância desse papel para esse ecossistema e rede?
- Que falta faria para esse ecossistema e rede se vocês não estivessem presentes?
Aproveitando mais os aprendizados do livro citado, até pouco tempo atrás a estratégia tradicionalmente vigente nas organizações considerava que o posicionamento acontece de três formas: liderança de custo, por diferenciação e por nicho.
Entretanto as atividades econômicas, cada vez mais complexas e tecnológicas, estão avançando dentro de redes inteligentes e, por isso, as empresas e profissionais deveriam ter clareza da sua posição dentro dessas redes ou teias.
Zeng define, por meio de metáforas, que nas redes inteligentes podemos ter três posições estratégicas: ponto, linha e plano. Abaixo deixo mais claro a definição de cada uma destas posições.
Ponto: Gera valor por vender uma função ou funcionalidade. Cria vantagem competitiva, pois é especializado, por isso tem grande capacidade de atuar de forma simples.
Linha: Gera valor por criar um produto ou serviço. Cria vantagem competitiva por reduzir custo e aumentar e eficiência. Com isso sua capacidade de racionalizar e otimizar fluxos de trabalho é fenomenal.
Plano: Gera valor por interligar participantes relacionados no ecossistema. Cria vantagem competitiva por combinar eficiências e possui uma capacidade de projetar sistemas e instituições para mediar relacionamentos.
Esse é novo mundo das PLATAFORMAS, onde não dá para mudar sem mudar.
Grande abraço!