*Artigo originalmente publicado no Jornal de Piracicaba
Visitei com frequência a casa dos meus avós maternos em Águas da Prata (SP). Eles foram casados por impressionantes 71 anos. Durante nossas reuniões eu já tinha o costume de tirar selfies da família, sempre unida nas festividades. Ao compartilhar umas dessas fotos por WhatsApp com a minha amiga Helena, depois de contar a ela a linda história de vida dos meus avós, recebi um retorno reflexivo que mexeu comigo, pois as suas referências e valores familiares eram muito diferentes das minhas. Ao descobrir que pessoas têm entendimentos diferentes sobre uma mesma situação ou fato, repensei sobre os meus valores, o que me estimulou a escrever este capítulo, pois acredito que na maioria das vezes confundimos o essencial com o fundamental.
Mário Sérgio Cortella, filósofo, escritor e educador, cunhou a frase “Fundamental é o que nos faz chegar ao que é essencial”.
Por exemplo, ter dinheiro é fundamental, mas não é essencial, por isso o dito popular “Conheci uma pessoa tão pobre, mas tão pobre que só tinha dinheiro”. Cortella traz outro pensamento: “Temos que refletir de onde vem a nossa riqueza: daquilo que temos ou daquilo que nos têm”. Esta forma simples, mas profunda de enxergar a vida, traz ensinamentos principalmente para aqueles que passam por momentos difíceis, como o desafio da recolocação no mercado de trabalho.
Para a minha amiga Helena, está na hora de repensarmos nossas carreiras sob a ótica de dois importantes temas: sentido e significado. Segundo ela, o que não tem sentido, não tem significado. Ao atuar com maior clareza naquilo que faz sentido e tem maior significado para nós, teremos menos chances de tomar decisões erradas e nos arrepender. Se o que fazemos tiver sentido e ao mesmo tempo significado, certamente:
- Defenderemos causas e construiremos laços de confiança em torno delas.
- Seremos estimulados a levar uma vida mais simples e a sempre dar o melhor de nós em nossas ações.
- Aos olhos alheios seremos reconhecidos porque estamos nos importando com eles.
- Saberemos dos nossos limites e trabalharemos dentro deles; com isso, nossas possibilidades de sucesso aumentarão.
- Teremos maturidade para entender que o mundo que iremos deixar para os nossos filhos vai depender dos filhos que iremos deixar a esse mesmo mundo.
- Teremos a percepção de que no dia em que formos embora desta vida, faremos falta.
A Matrix, dessa forma, é a construção artificial de uma realidade que se reveste de aparências determinadas pela nossa mente. É uma hiper-realidade, uma espetacularização dada pelos dominantes e que aceitamos como verdadeira.
Muitos ainda vivem na matrix, isto é, em uma realidade paralela, uma espécie de autoengano, motivados por informações daqueles que dominam. Quando despertamos para o sentido e significado, abrimos nossa consciência para uma vida melhor, onde temos a rédea da situação.
Compartilho as conclusões de uma enfermeira americana que publicou em 2011 um livro sobre os cinco principais arrependimentos de pacientes terminais.
- Gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo e não a vida que esperavam de mim.
- Gostaria de não ter trabalhado tanto.
- Gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos.
- Gostaria de ter mantido mais contato com meus amigos.
- Gostaria de ter me dado a chance de ser mais feliz.
Espero que este artigo estimule os leitores a buscar respostas ao refletirem sobre os pontos que mencionei. Acredito que as respostas irão ajudá-los a encontrar o trabalho dos seus sonhos.
**Gustavo Mançanares Leme – Sócio Diretor da Tailor | Headhunter & Estrategista de RH. É Conselheiro de Administração & Advisory de Startups e Mentor de Carreiras. Tem grande experiência em processos de Identificação de Talentos, Transformação Cultural e Turnaround de Modelo de Negócios. Autor do livro O acaso não existe.