Meu pai sempre foi comerciante, há muitos anos dono de um bar, em Belo Horizonte. A vida inteira eu escutei dele a frase: “não tem jeito, o negócio acontece com a barriga no balcão”.
Confesso que, por muito tempo, eu questionei essa visão. Achava que era muito pelo contrário, que o dono, o número um da empresa, deveria construir seu caminho por meio de pessoas e processos, para que pudesse se distanciar e reduzir a sua dependência no negócio.
Hoje, vejo que é nem tanto ao céu nem tanto ao mar. Claro que quando falamos de gestão de empresas não tem uma fórmula única de sucesso, cada negócio tem suas peculiaridades e necessidades.
Se por um lado eu ainda acredite que é fundamental reduzir a dependência do negócio no seu fundador ou CEO, por outro, não dá para deixar de estar frequentemente com a “barriga no balcão”.
Nesta semana, a Exame trouxe exemplos reais de altos executivos que trocaram suas cadeiras, para vivenciar na prática a ponta da operação. O CEO da Uber virou motorista em mais de 100 corridas, o ex-CMO do Mac Donalds, João Branco, foi para a cozinha preparar os lanches. Ele já havia experimentado, também, o balcão de farmácia, quando atuava pela P&G.
A matéria da Exame conta algumas mudanças práticas, realizadas pelas empresas após estas experiências dos executivos. Aproveito para trazer outros benefícios:
Compreensão aprofundada do negócio
Ao vivenciar a operação na ponta, os executivos têm a oportunidade de entender melhor as dores e oportunidades do negócio. Interagir com os colaboradores e clientes, observar os processos em funcionamento e experimentar os desafios diários proporcionam uma visão mais realista e concreta da empresa como um todo. Essa imersão oferece insights valiosos para embasar estratégias e tomadas de decisão mais alinhadas com a realidade da organização.
Fortalecimento do relacionamento com a equipe
Quando os executivos se envolvem na operação diária, eles estabelecem um contato direto com os colaboradores da linha de frente. Essa interação cria um senso de proximidade e valorização, fortalecendo o relacionamento entre a liderança e a equipe. Os funcionários se sentem ouvidos e reconhecidos, o que pode resultar em maior engajamento, motivação e lealdade à empresa.
Identificação de oportunidades de melhoria
A vivência na ponta permite que os executivos identifiquem oportunidades de melhoria que podem passar despercebidas em relatórios ou reuniões de alto nível. Ao se envolverem diretamente nas operações, eles podem identificar gargalos, pontos fracos e possíveis ineficiências nos processos. Essas descobertas podem ser usadas para implementar mudanças positivas, aumentando a eficiência operacional e a satisfação do cliente.
Em resumo, não há dúvidas: Executivos que dedicam tempo para vivenciar a operação na ponta obtêm insights valiosos que não são acessíveis apenas por meio de análises e relatórios. Essa imersão proporciona uma compreensão aprofundada do negócio, fortalece o relacionamento com a equipe e identifica oportunidades de melhoria.