83% dos líderes de negócios estão tendo dificuldade para recrutar candidatos para vagas abertas em suas áreas.
As empresas têm sido cada vez mais incisivas nas críticas sobre a diferença entre o conjunto de habilidades que uma organização precisa e as que sua força de trabalho dispõe. Dados de estudos recentes mostram que essa diferença está aumentando – – e que é necessária uma ação rápida e eficiente para reduzir essa lacuna de know-how.
O Fórum de Ação Americano (AAF) publicou um relatório prevendo que a escassez de trabalhadores com ensino superior levará a quase US$ 1,2 trilhão em perda econômica. Os dados “indicam que os níveis atuais de escolaridade são insuficientes, e os formuladores de políticas podem resolver esses déficits incentivando níveis mais altos de educação e desenvolvimento de habilidades”, diz o relatório.
David Blake, con-fundador da Degreed, e eu argumentamos em nosso livro The Expertise Economy, lançado há um ano, que a solução para aprimorar e capacitar a força de trabalho para este novo tempo não virá das escolas. Hoje, mais do que nunca, cabe às empresas garantir que seus funcionários criem a cultura de aprendizado contínuo, na qual os funcionários estejam sempre engajados no desenvolvimento de novas habilidades.
Os incentivos para as empresas liderarem o caminho são claros. Um estudo realizado no início deste ano pela Society for Human Resources Management constatou que 83% dos líderes empresariais estão tendo problemas para recrutar candidatos adequados. Três quartos (75%) desses líderes dizem que “há uma escassez de habilidades nos candidatos a vagas de emprego”.
As habilidades ausentes não são apenas técnicas. Na maioria das vezes, elas são o que se convencionou chamar de “habilidades leves”, ou “soft skills“, que se opõem às competências técnicas. As “soft skills” mais requeridas são aquelas associadas à resolução de problemas, pensamento crítico, inovação e criatividade.
Dos RH entrevistados para o estudo da Society for Human Resources Management, 37% disseram que deixaram de contratar profissionais por eles não possuírem as competências leves requeridas pela vaga. Outros 32% dos RHs disseram que os candidatos não tinham “capacidade de lidar com complexidade e ambiguidade”, habilidade que compõe o “skill set” das competências leves.
Investimentos não tão grandes quanto parecem
Diante do desafio de capacitar a força de trabalho, empresas de todos os tamanhos, incluindo algumas das maiores corporações, anunciaram planos de aprimorar e capacitar novamente sua força de trabalho.
Entre as mais recentes está a Accenture, que gasta US $ 1 bilhão por ano em treinamento. Apesar do investimento, o Wall Street Journal relata que esse é tecnicamente um declínio per capita, desde 2003. Quando a empresa era menor, gastava mais que o dobro em treinamento para cada funcionário.
A Accenture diz que seus programas de desenvolvimento se tornaram mais eficazes e eficientes, mas eles também percebem o que é necessário para enfrentar seu desafio: “Você não pode pegar 200.000 funcionários e enviá-los para uma sala de aula por uma semana e acha que resolveu o problema”, diz Omar Abbosh, ex-diretor de estratégia da Accenture, que agora lidera a área de comunicação, mídia e tecnologia. “É uma atividade (de treinamento) sem fim”.
A Amazon também divulgou recentemente seu plano de treinar 100.000 pessoas, um terço de sua força de trabalho nos EUA, a um custo de US$ 700 milhões em cerca de seis anos. Mais uma vez, o anúncio trouxe grandes novidades. Mas isso resulta em menos de US $ 1,20 por funcionário a cada ano – abaixo da média de US $ 1,29 gastos por funcionário em 2017.
E essa média pode não ser alta o suficiente. O Fórum Econômico Mundial prevê que 1,4 milhão de trabalhadores americanos sejam substituídos por tecnologias emergentes dentro de uma década. O custo de reciclá-los para que eles possam obter novos empregos viáveis com salários mais altos é de US $ 24,80 por trabalhador. Serão necessários uma combinação de esforços de empresas e governo para tornar isso possível, afirma o fórum.
Este artigo foi escrito por Kelly Palmer e cedido à StartSe pela Degreed. Ela é líder da área de aprendizado da Degreed, edtech fundada em 2012, em São Francisco (EUA), por David Blake, David Wiley, e Eric Sharp. (https://www.startse.com/noticia/nova-economia/70449/life-long-learning-startse)