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O executivo e o nada: qual foi a última vez que você se desconectou de verdade?

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Após 48h, reconectei com centenas de mensagens aguardando minhas respostas. Sabe o que aconteceu? Nada. Nenhum dano aos negócios ou às pessoas”.

Bruno da Matta Machado é sócio, Headunter e um dos fundadores da Tailor Consultoria.

Recentemente, me proporcionei uma experiência inédita: 48 horas completamente desconectado do mundo. Parece pouco, parece fácil, não é mesmo? Mas você já parou para pensar que nunca mais fizemos isto? Foi tudo, menos fácil, mas certamente uma total imersão em mim mesmo: sem internet, telefone, televisão, computador, pessoas e nem mesmo relógio.

Em uma casa no mato, somente eu e meus pensamentos. Eu era meu mundo de novo, quando na verdade nunca deveria ter deixado de ser. Não lembrava nem que isso era mais possível. Paramos de nos permitir, como se uma culpa inconsciente nos dissesse: “você não pode ficar off-line”.

Na minha rotina agitada, liderando uma empresa em franco crescimento, investindo em startups, apoiando projetos sociais, viagens intensas e aprendendo a ser pai de dois, percebi a exaustão que estava e, principalmente, o fator principal: o excesso de barulho.

Sou altamente conectado no dia a dia – como a maioria das pessoas, nos dias de hoje – dois whatsapps, caixas de e-mails, ligações, telas, enfim, um mundo de informações das mais variadas, que chegam a cada segundo. Foi então que decidi me proporcionar esta experiência. Vamos por partes.

Confesso que as primeiras horas foram duras. O hábito (mecânico em si) de pegar o celular e o tal da fear of missing out (Fomo), ou medo de perder alguma atualização, chegam a se assemelhar à abstinência química. Mas, passadas as primeiras três ou quatro horas, tudo mudou.

Com a ausência total de intervenções ou barulhos externos e nem mesmo atividades ou rotinas a cumprir, comecei um processo intenso de imersão em meus próprios pensamentos e emoções. Minha arma? Somente a tecnologia de uma caneta BIC e um bloco de papel, sobre o qual transbordei ideias e reflexões que nem poderia imaginar estarem ali, escondidas em algum lugar sob o volume do dia a dia.

Mas, em meio às dezenas de papéis rabiscados, o que eu posso compartilhar com vocês são alguns pontos bem simples, tão simples quanto a vida que tentamos complicar, mas que valem a reflexão:

  • Qual foi a última vez que você, realmente, se blindou de qualquer estímulo externo?

Muitas vezes achamos que fazemos isso quando tiramos férias e desligamos o celular ou simplesmente ficamos em casa descansando. Porém, normalmente, até estas – também válidas – pausas, vêm recheadas de pessoas, atividades, lugares a visitar, fotos a tirar, séries a assistir e por aí vai. Não é o total silêncio com sua mente.

  • O tempo dentro da nossa cabeça passa muito mais devagar do que fora dela.

Sabe aquela sensação que você tem de que os dias estão voando e não dá tempo de nada? Quando você está somente com seus pensamentos, ele se torna quase infinito e o volume de ideias e pensamentos por minuto impressionaria o mais moderno processador de computador.

  • Este “detox” de meios de comunicação me mostrou o quanto criamos um hábito

Estamos sempre disponíveis a dar respostas imediatas a tudo e todos. Tudo se tornou prioridade, mas não é. Após 48h desligado, me reconectei com centenas de mensagens e pessoas aguardando minhas respostas e sabe o que aconteceu? Nada. Tudo foi resolvido, sem nenhum dano aos negócios ou qualquer pessoa.

Por último, não menos importante, percebi o quanto me dedico tanto em atender as demandas externas, de todas as pessoas, mas mesmo com anos de terapia tenho pouquíssimas agendas de cuidados e encontros, com a pessoa que mais importa: eu mesmo.

Daqui para frente, esta pequena grande experiência entra no meu calendário oficial, apertadinha entre todas reuniões e compromissos, mas estará ali, marcada como evento prioritário. No final das contas, e no fim do dia, somos nós com nós mesmos. É melhor não nos esquecermos disso – foi o que aprendi.

Link para a reportagem no portal Mundo RH.

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