Made by: Bruno da Matta Machado – Sócio e Diretor na Tailor
“Mas o custo de vida aqui é mais baixo, podemos fazer uma proposta 15% menor que o que ele tem hoje!”
Outro dia ouvi essa frase de um Conselheiro, em uma reunião com o board da empresa na qual estávamos definindo a proposta de remuneração que faríamos ao novo CEO. Não foi a primeira vez, e possivelmente não será a última, em que vejo pacotes sendo definidos ou propostos, baseados nos fatores errados.
>> Quanto vale a hora de uma pessoa?
Pensando no executivo personagem do caso que ilustra este texto: é um profissional com mais de 30 anos de uma carreira brilhante. Se preparou para estar na posição de CEO, inúmeros cursos dentro e fora do Brasil, acumulou resultados incríveis e concretos por onde passou, abriu mão de muita coisa para chegar aonde chegou. E é nisso que o valor da sua hora deve ser baseado.
Por outro lado, a empresa sabe bem sua capacidad financeira e recursos disponíveis, o que busca atingir, os problemas e desafios que tem e o quanto a pessoa errada na direção já custou e pode lhe custar. Então, a equação é simples assim: tamanho do desafio + fôlego da empresa = nível do executivo necessário. E esse nível é diretamente proporcional ao valor da hora/homem dele e, consequentemente, do ROI esperado de sua atuação.
> Em resumo, a analogia que faço é: se o salário do Neymar não é baseado no custo de vida de Paris X o de Barcelona, mas sim pela capacidade dele de fazer gols e gerar valor ao PSG, porque o de um executivo deveria ser diferente, apenas por a empresa estar baseada em São Paulo ou Goiânia?
!! Disclamer: como tudo na vida, há exceções. Vejo muitos executivos dispostos a retroceder salarialmente para voltar para sua terra, por exemplo. Aí, tudo bem, a depreciação do valor da hora é feita por ele mesmo, por motivos que podem ser mais relevantes que dinheiro, naquele momento.
>> O exemplo do custo de vida local é somente um. Não baseie remuneração de seus profissionais no “mas ele está no mercado”, “mas o segmento dele está em baixa”, “mas as perspectivas aqui são melhores” etc…
A menos que estes fatores sejam claramente um drive para que o executivo esteja disposto a retroceder financeiramente, pense sempre no investimento que está disposto a fazer em relação ao retorno que deseja obter.