O novo e o desconhecido podem ser assustadores e voltar a engatinhar bem desconfortável. Mas nos faz esforçar, aprender de novo, se provar e buscar nossa melhor versão.
Perto de completar minha primeira década como Headhunter, ando pensando muito nos mais de 600 profissionais que acompanhei – direta ou indiretamente – se movimentando. Qualquer mudança profissional é sempre um momento muito importante, angustiante e delicado.
Normalmente, quando avaliamos uma movimentação de carreira, colocamos luzes sobre o resultado dessa movimentação – ou seja, se foi uma decisão acertada ou não, se está feliz ou arrependido.
Mas é sempre sobre o resultado e nunca sobre o que chamo de “a hora da verdade”, aquela em que recebemos uma carta formal em um processo seletivo e chega o momento de tomar a grande decisão: aceitar ou não a proposta de uma nova empresa?
Neste momento, inúmeros fatores pesam para a tomada de decisão. Existem aqueles mais óbvios, como a satisfação com o trabalho atual, com a remuneração, com as perspectivas de crescimento dentro da empresa, com o segmento, o chefe, ou cultura da corporação em que está. Mas existe um fator decisivo, muitas vezes inconsciente, que assombra praticamente todos os profissionais nessa hora: você está disposto a voltar a engatinhar?
Por mais insatisfeito e decidido a buscar uma nova oportunidade que um profissional esteja, na hora da verdade sempre vem um receio do novo, do desconhecido. Querendo ou não, na empresa onde está você já anda, já corre, já pula. Todos já te conhecem, você já conhece como o jogo funciona, tem o seu valor, seu lastro, sua história. Começar em uma nova empresa é uma tela em branco em sua jornada.
É claro que seu currículo e sua experiência dão crédito à sua chegada, porém, na nova empresa, você ainda não anda, não corre, não pula e vai sim precisar voltar a engatinhar. Retroceder alguns passos, conquistar confiança, aliados, aprender uma nova cultura, conhecer novas pessoas e processos e sair da sua zona de conforto. Sair da zona de conforto nos deixa desconfortáveis, não é mesmo?
Muitas vezes, é nessa hora que vemos profissionais que estavam totalmente decididos por uma movimentação declinarem. O medo de voltar a engatinhar e de ter que recomeçar congela e é mais confortável permanecer onde está – por mais desconfortável que ali esteja. O ruim conhecido é menos assustador que o novo, o desconhecido.
Olhando o resultado dessas mais de 600 movimentações que acompanhei e todas as incertezas destes profissionais na hora da verdade, já vi de tudo um pouco. Há aqueles que depois perceberam que trocaram seis por meia dúzia, há os que se arrependeram da movimentação e deixaram a nova empresa. Mas, sem dúvidas, a imensa maioria deles trilhou um caminho virtuoso após a movimentação.
O novo e o desconhecido podem ser assustadores e voltar a engatinhar bem desconfortável. Mas nos faz esforçar, aprender de novo, se provar e buscar nossa melhor versão. Essa nossa versão aliada a uma tela em branco, cheia de novas oportunidades, normalmente resulta em bela obra profissional.
Bom, mais que observador de todas essas histórias, falo por experiência própria. Nestes quase dez anos como Headhunter, foram quatro empresas, bandeiras diferentes. Três vezes em que precisei encarar a hora da verdade e decidir entre me jogar no novo, voltar a engatinhar, ou permanecer onde já sei correr. E quer saber? Que bom que venci o medo e engatinhei de novo. Hoje corro muito mais.
Sempre avalie bem os fatores objetivos de uma movimentação, mas não esqueça que o seguinte clichê funciona sim: “Tá com medo? Vai com medo mesmo!”
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